Fundação Otacílio Coser: há mais de 20 anos promovendo o protagonismo juvenil em escolas públicas


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O Programa Rede Escolaí, o carro-chefe do trabalho da FOCO

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O ano é 1999 e os funcionários do Grupo Coimex, uma das maiores empresas do país das áreas de infraestrutura e logística, decidiram, de forma voluntária, participar de atividades realizadas na Escola Estadual Rodrigues Alves, em São Paulo. Essa experiência se tornou o estopim da FOCO (Fundação Otacílio Coser), que há 23 anos desenvolve um trabalho centrado no desenvolvimento do protagonismo juvenil em escolas públicas.

“Já era um desejo dos executivos profissionalizar o investimento social. Na época, eram feitas doações assistencialistas, que não tinham acompanhamento dos resultados. Queríamos que as contribuições tivessem um impacto maior e mais duradouro dentro do contexto escolhido”, conta a presidente do Conselho da FOCO, Bernadette Coser de Orem.

Com o início das atividades da Fundação, nasceu o Programa Rede Escolaí, o carro-chefe do trabalho da FOCO. Desenvolvido pelo educador Antonio Carlos Gomes da Costa, um dos principais colaboradores do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o projeto visa ressignificar a relação entre a escola e educadores, estudantes e familiares.

Programa Escolaí une a comunidade

Os estudantes e toda a comunidade são convidados a se engajar em torno da resolução de problemas vivenciados pelas escolas, promovendo uma transformação cultural nesses espaços e, consequentemente, impactando positivamente os indicadores educacionais. Ao longo dessa jornada, os estudantes se reconhecem como agentes de mudança, ampliando as perspectivas sobre si mesmos e seu futuro.

Bernadette Coser de Orem: “A escola passa a ser compreendida como espaço de interação socioemocional”
Bernadette Coser de Orem: “A escola passa a ser compreendida como espaço de interação socioemocional”

A metodologia do Programa Rede Escolaí é uma gincana, um conjunto de atividades realizadas dentro e fora da escola ao longo de 4 anos, em 4 etapas (percursos anuais), que começam com ações mais simples até atingir maior engajamento da comunidade. O Programa oferece prêmios ao fim de cada etapa, como forma de reconhecimento pelo nível de engajamento de alunos, professores, familiares e participantes da comunidade escolar.

Entre os resultados do Programa, conta a presidente, estão a mudança de clima nas escolas, a cultura de paz implementada e o empoderamento dos jovens participantes. “A escola passa a ser compreendida não apenas como espaço físico, mas como espaço de interação socioemocional”, explica.

Bons resultados

Tal efeito se traduz em menos depredações e bullying, por exemplo. Além da redução da evasão escolar, um desafio para o cenário educacional brasileiro. Cerca de 244 mil crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos estavam fora da escola no segundo trimestre de 2021, de acordo com relatório da organização Todos Pela Educação divulgado em dezembro de 2021. O número representa um aumento de 171% em comparação a 2019, quando 90 mil crianças estavam fora da escola. O dado elevado é resultado do ensino remoto no país durante a pandemia da Covid-19.

“Nosso maior desafio hoje é a expansão de conteúdo do programa - queremos incluir alunos que estão concluindo os seus estudos e precisam de perspectiva de trabalho e de vida - e o aumento da quantidade de escolas participantes anualmente. Nossa equipe ainda é muito pequena e toda a gestão é feita virtualmente”, explica Bernadette. Em 2021, o Programa atuou em 23 escolas em São Paulo, 24 escolas no Espírito Santo e 4 escolas em Anápolis (GO), e atendeu mais de 45 mil alunos.

Para outros desafios do cotidiano de uma Fundação, a FOCO conta com a APF, da qual é associada desde 2014. “A APF é uma referência para nós por sua credibilidade no terceiro setor. Valorizamos muito sua contribuição no âmbito legal, por diversas vezes ela nos concedeu orientações importantes”, fala a presidente do Conselho da FOCO.

Histórias de transformação

Depoimentos de gestores, educadores, estudantes e funcionários de escolas públicas de São Paulo e do Espírito Santo, participantes do Programa Rede Escolaí

“Hoje, a gente sabe que não basta o professor desenvolver apenas o conteúdo de sala de aula. O estudante tem que estar preparado para a vida, tem que saber resolver problemas, conviver com as pessoas. Precisa trabalhar o conteúdo em grupo para defender sua opinião e respeitar o próximo. O protagonismo no Rede Escolaí é muito importante porque o estudante se torna mais empoderado”. Elaine Cristina de Paula, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Rita de Cássia Oliveira (ES).

“Se você gosta da sua casa, da sua família, você cuida. Com a escola é a mesma coisa. Eu vejo que o Rede Escolaí mudou a cabeça dos meninos, trouxe senso de pertencimento. Eles reconhecem a escola como extensão da casa deles. Nosso Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) passou de 3,3 para 4,7. Nenhuma outra escola no estado cresceu tanto.” Emerson Vieira da Silva, da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Dr. José Moysés (ES)

“A principal contribuição [do Programa] foi aproximar os alunos e a família da escola, que não tinha vínculo com a comunidade. Em 2014, havia venda de drogas na porta da unidade e 20% de evasão. Há 5 anos esse índice é zero.” Marcos Neiva Cordeiro, da Escola Estadual Faustina Pinheiro Silva (SP)

“Dentro da escola diminuiu pichação, quebra de equipamento e depredação. Os alunos passaram a ter mais respeito pelos colegas e pelo local onde estudam.” Maria da Penha Pádua, da Escola Estadual Adalberto Mecca Sampaio (SP).

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