FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO - Pesquisa "Juventudes e a pandemia do Coronavírus" mostra impacto da COVID-19 na economia, educação e saúde mental dos jovens

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. Quase 30% dos 33 mil dos jovens que responderam ao estudo pensam em deixar a escola e, entre os que planejam fazer o ENEM, 49% já pensaram em desistir

. Cinco em cada 10 tiveram redução na renda familiar

. Sete em cada 10 participantes dizem que seu estado emocional piorou, com estresse e ansiedade

Saúde em risco, isolamento social, escolas e universidades fechadas, alteração de práticas no trabalho ou suspensão de contratos. A pesquisa “Juventudes e a Pandemia do Coronavírus” contou com a participação de 33.688 jovens e mostra como essas e outras consequências da pandemia de Covid-19 impactam suas rotinas e sentimentos.

Promovido pelo CONJUVE (Conselho Nacional da Juventude) em parceria com Em Movimento, Fundação Roberto Marinho, Mapa Educação, Porvir, Rede Conhecimento Social, Unesco e Visão Mundial, o levantamento ouviu, entre 15 e 31 de maio, jovens de 15 a 29 anos de todo o Brasil por meio de um questionário disponibilizado pela internet. A pesquisa questionou jovens em relação a quatro temas – economia; saúde e bem-estar; educação; e perspectivas para o futuro – e em todos eles a instabilidade está presente de alguma forma.

Conheça todos os dados em www.juventudeseapandemia.com

Risco de desconexão com a escola

A maior parte dos jovens que responderam ao questionário está no ensino médio ou na faculdade. Entre os estudantes, 8 em cada 10 realizam algum tipo de atividade de ensino remoto. Mas estudar em casa é um desafio para eles. O que mais atrapalha não é a infraestrutura tecnológica para acessar conteúdos e aulas ou a falta de tempo, mas o próprio equilíbrio emocional e a capacidade de organização para estudar. Para lidar com essas dificuldades, eles pedem apoio das escolas e faculdades: 6 em cada 10 jovens consideram que suas instituições de ensino devem priorizar atividades para lidar com as emoções; e 5 em cada 10 querem aprender estratégias para gestão de tempo e organização.

Em consequência, existe um risco grande de desconexão dos jovens com a educação: 28% dos que responderam ao questionário pensam em não voltar para a escola quando a pandemia acabar e entre os que planejam fazer o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), 49% já pensaram em desistir.

Outro fator que provoca instabilidade são as mudanças no trabalho e renda dos jovens e suas famílias: 6 em cada 10 tiveram alteração em sua carga de trabalho desde o início da pandemia (mais ou menos trabalho, parada temporária das atividades ou ainda interrupção por demissão). A renda também foi afetada: 4 em cada 10 indicam ter diminuído ou perdido sua renda e 5 em cada 10 mencionam que suas famílias tiveram essa redução. Diante dessa realidade, 33% dos participantes relatam ter buscado alguma maneira para complementar sua renda.

A pesquisa também destaca que há uma preocupação grande dos jovens com suas emoções: 7 em cada 10 participantes disseram que seu estado emocional piorou por causa da pandemia, enquanto os sentimentos mais marcantes para eles durante o isolamento social são ansiedade, tédio e impaciência.

Perspectivas para o futuro

Embora 34% dos jovens ouvidos estejam pessimistas em relação ao futuro e 72% acharem que a pandemia vai piorar a economia do Brasil, eles também têm algumas perspectivas positivas em relação à maneira como a sociedade vai se organizar a partir desta crise. Metade deles imaginam que o modo como trabalhamos vai melhorar um pouco ou muito e acreditam que novas oportunidades de trabalho podem surgir para quem mora afastado dos grandes centros urbanos, por conta do aumento do trabalho remoto. 48% também acreditam que surgirão novas formas de estudar mais dinâmicas e acessíveis que as atuais.

As ações em relação à ciência e saúde são valorizadas pelos participantes da pesquisa, com 96% dizendo que confiam na descoberta da vacina contra o coronavírus como uma ação importante para a retomada depois da pandemia. 44% dos jovens ainda acham que a sociedade vai reconhecer mais os educadores e 46% preveem que a ciência e pesquisa terão mais prestígio e investimentos. Por fim, 48% deles ainda acreditam que as relações humanas e a solidariedade receberão mais atenção.

Os mais de 33 mil jovens que se engajaram para responder o questionário têm um perfil de conexão direta ou indireta com instituições que atuam no campo de juventudes; acessam equipamentos ou dispõem de modos de conexão para estar online; além de terem suficiente domínio de leitura para interagir com o questionário, terem tempo disponível e estímulo para contribuírem com a pesquisa. A dinâmica de coleta “bola de neve” e questionário online permite atingir rapidamente e com poucos recursos um grande volume de respostas, atraindo o perfil mais conectado e engajado.

Lançamento

Os dados completos do levantamento foram apresentados nesta terça-feira, dia 23 de junho, em um evento virtual, que contou também com uma roda de conversa com: Wilson Risolia (Fundação Roberto Marinho), Marlova Noleto (UNESCO), Tábata Amaral (Deputada federal), Felipe Rigoni (Deputado federal), Caio Henrique (Jovem participante da Oficina Perguntação / estudante na UFPE) e Thais Duarte (Jovem participante da Oficina Perguntação / Coletivo MJPOP Ousadia Juvenil de Mossoró – RN), mediados pela Ana Paula Brandão, da Fundação Roberto Marinho.

“O futuro desta, que é a maior geração de jovens da história do país, está seriamente em risco, o que pode impactar drasticamente os rumos da sociedade nas próximas décadas. A pesquisa foi criada para contribuir concretamente com este desafio. Mobilizamos um conjunto expressivo de jovens em todo o país, consolidando uma base relevante de evidências capaz de apoiar e influenciar a ação de tomadores de decisão, das esferas pública e privada, para a construção de caminhos e perspectivas”, afirma Marcus Barão, vice-presidente do Conselho Nacional da Juventude e coordenador da pesquisa.

Metodologia

A metodologia usada para realizar a pesquisa foi a PerguntAção, desenvolvida pela Rede Conhecimento Social, que envolve o público alvo em todas suas etapas. No final de abril, 18 jovens de diferentes realidades e origens foram mobilizados para colaborar. “Eles se reuniram virtualmente para ajudar a construir o questionário, apoiaram na divulgação da pesquisa para outros jovens e, posteriormente, realizaram outro encontro para analisar os resultados” diz Marisa Villi, diretora executiva da Rede Conhecimento Social.

A participação no levantamento se deu por adesão, em resposta ao convite enviado pelas organizações parceiras desta iniciativa e por outras instituições e redes que atuam com juventudes. Durante a coleta de dados, foi realizado um monitoramento diário que influenciou o trabalho de mobilização para as respostas, com o objetivo de garantir diversidade geográfica, de faixa etária, gênero e cor/raça entre os participantes. Posteriormente, também foi realizado um trabalho de ponderação dos dados para evitar distorções em relação ao grupo que participou da pesquisa e a distribuição de jovens brasileiros de 15 a 29 anos em todos os Estados Brasileiros, tendo como referência a Pnad Contínua 2019 (IBGE). “ Diante da Pandemia o recurso online era a alternativa viável para ouvirmos os jovens. Era necessário ter um parâmetro ofical como a Pnad Contínua e IBGE, para monitorarmos o perfil dos respondentes e ativar uma participação bem representativa de perfis dos jovens brasileiros. Ainda assim, tivemos um percentual mais elevado de jovens do sexo feminino, como também de jovens que estão estudando e trabalhando”, diz Rosalina Soares, Gerente de Pesquisa e Avaliação da Fundação Roberto Marinho.

Fonte: Fundação Roberto Marinho