FUNDAÇÃO TIDE SETUBAL e Extra, por meio do Instituto GPA, criam iniciativa para apoiar empreendedoras periféricas

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Foto: Picha Stock / pexels.com

A busca por enfrentar as desigualdades socioterritoriais e fortalecer as periferias é uma constante no trabalho da Fundação Tide Setubal. Dentre as estratégias em curso, há o desenvolvimento de práticas locais e empreendedorismo no território do Jardim Lapena, na zona leste de São Paulo, o investimento no conhecimento científico, o incentivo às ações de equidade de raça e gênero, as relações com o poder público, seja em questões técnicas como o orçamento ou no fortalecimento da democracia, e o fomento a iniciativas locais que produzam o empoderamento das agentes das organizações e coletivos. Na perspectiva desta última, como fruto de uma parceria com o Extra, por meio do Instituto GPA, foi lançado em setembro o projeto Empreendedoras Periféricas.

O Extra, por meio do Instituto GPA, procurou a Fundação com o intuito de investir em iniciativas de mulheres negras que promovam impacto nas suas comunidades e, a partir da construção conjunta, o Empreendedoras Periféricas tornou-se um desdobramento do Matchfunding Enfrente, iniciativa da qual o Extra também é parceiro por intermédio do Instituto GPA. De abril a julho de 2020, o Matchfunding distribuiu R$ 6.348.387 para o combate às desigualdades periféricas decorrentes da pandemia de Covid-19 - entre as propostas inscritas, 57 eram lideradas por mulheres pretas ou as tinham como público principal.

Diante disso, os parceiros do Empreendedoras Periféricas enviaram uma carta-convite para estes projetos se inscreverem e poderem, se selecionados, receber entre R$ 4,5 mil (para iniciativas com apenas uma mulher) e R$ 9 mil (para iniciativas que envolvam mais de uma mulher) para, assim, poder implementar ou fortalecer suas ações.

A partir de agora, as selecionadas passarão por um processo de preparação e planejamento antes da execução das propostas. Guiné Silva, coordenador de Fomento da Fundação Tide Setubal, dá mais detalhes sobre as próximas etapas. “As iniciativas selecionadas vão apresentar um plano de execução do recurso nos próximos três meses e, em paralelo, receberão consultoria de 30 horas em estruturação de negócios, gestão e finanças, comunicação e equilíbrio emocional.”

A seleção teve como critério principal o impacto e relevância do projeto para as mulheres negras em seus territórios, mas também que estivessem bem articulados com a comunidade e olhassem para a cadeia produtiva local como fornecedores e clientes. Foram 41 iniciativas inscritas e 17 selecionadas, sendo oito de São Paulo, quatro da Bahia, três do Rio de Janeiro e uma de Minas Gerais e Pará. Os projetos lidam com temas variados, como bem-estar e saúde, arte, cultura e educação, beleza, alimentação, comércio, construção civil, comunicação, tecnologia da informação, meio ambiente e rede de empreendedorismo.

Em um contexto de crise econômica como o pelo qual o Brasil passa, e que foi agravada com a pandemia, ações articuladas são formas de inserir o setor privado dentro de outra atitude social. Guiné anima-se com as possibilidades. “Vejo com grande importância o investimento de um instituto privado em uma iniciativa de mulheres negras periféricas porque, em primeiro lugar, revela um reconhecimento dos pequenos negócios para os territórios e pelo fortalecimento das mulheres, ao entendê-las como chefes de família e referências em seus territórios.”

De acordo com Susy Yoshimura, Diretora do Instituto GPA, a vocação social do Extra em oferecer formação e apoio com foco na diminuição das desigualdades sociais, em especial as enfrentadas pela população negra, motivou a criação da iniciativa para apoiar empreendedoras negras em meio aos efeitos causados pela pandemia de Covid-19. “A escolha de apoiá-las foi motivada por acreditarmos na força, na importância e no potencial de transformação que esses empreendimentos e essas mulheres têm na vida de outras mulheres, em seus territórios, comunidades e em toda a sociedade onde vivemos.”

Ainda segundo Yoshimura, a expectativa é de que as iniciativas selecionadas no Empreendedoras Periféricas deem continuidade aos seus respectivos negócios, fortaleçam outras mulheres e potencializem as narrativas de gênero e raça. “Dessa forma, contribuímos para o desenvolvimento não só de seus negócios, mas também fortalecemos as redes de apoio e o desenvolvimento da própria comunidade.”

Vale lembrar que esta não é a primeira iniciativa da Fundação Tide Setubal nessa área. Desde 2018, o edital Elas Periféricas vem financiando ações de enfrentamento às desigualdades nos territórios e o fortalecimento de projetos liderados por mulheres negras como forma de gerar condições materiais para pessoas potentes poderem fazer mais e ser ainda mais criativas. “Isso fortalece e promove nas periferias novas referências que inspiram novas ideias, iniciativas e a construção de novas narrativas desses territórios”, completa Guiné.

Confira a lista das iniciativas Empreendedoras Periféricas 2020:
  • EcoCiclo
  • Projeto Januárias na Janela
  • Omisoró
  • Associação Preservando o Meio Ambiente de Conceição dos Ouros (APACO)
  • Agência Arruda
  • Abebé Cosméticos
  • Negritar Filmes e Produções
  • Studio Lilian Seraos Arte e Design
  • Iyá Omi Cosmética Natural e Artesanal
  • Favela Hype
  • Ohbra!
  • Projeto Acessibilidade Auditiva
  • Mulheres do G.A.U
  • Webba Desenvolvimento de Sistemas
  • Lia Hair
  • Valentina Festa do Pijama
  • Açaí da Iaiá
Fonte: Fundação Tide Setubal