Notícias das Associadas

Vozes Urbanas debate conexões entre desigualdades educacionais, representatividade e diversidade nos espaços de poder

not 25 11 2019 1


Aberto e gratuito, evento promovido pela Fundação Tide Setubal discutirá como as desigualdades na educação influenciam a sub-representação de negras(os) e mulheres

Há no Brasil um debate sobre a ocupação dos espaços de poder pelas populações feminina e negra, assim como a comunidade LGBT. De acordo com o Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e Suas Ações Afirmativas, elaborado pelo Instituto Ethos, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), pessoas negras ocupam 4,9% dos postos em conselhos administrativos, 4,7% em quadros executivos e integram, respectivamente, 6,3% dos cargos de gerência e 25,9% de supervisão.

É neste contexto que a Fundação Tide Setubal promoverá o sexto encontro de 2019 do Vozes Urbanas, série de debates públicos que, nesta edição, trata do tema “Diversidade no Mercado de Trabalho e nos Espaços de Poder”. Gratuito e aberto ao público, o encontro será promovido na próxima terça-feira, 26 de novembro, na sede da Unibes Cultural, a partir das 18h30, em São Paulo.

>>> Toda a conversa terá transmissão ao vivo, via streaming, na página da Fundação Tide Setubal no Facebook: facebook.com/fundacaotidesetubal

Para essa edição, a Fundação coloca à mesa o advogado Robson de Oliveira, membro da Comissão de Igualdade Racial da OAB-SP e do Fórum de Prevenção e Combate à Discriminação Racial no Trabalho do Ministério Público do Trabalho de São Paulo (MPT-SP) e coordenador do projeto Incluir Direito, desenvolvido pelo Centro de Estudos das Sociedades de Advogados (CESA) para o combate à desigualdade racial no setor jurídico; Ana Mielke, jornalista, mestre em Ciências da Comunicação e especialista em História, Sociedade e Cultura, que foi coordenadora de comunicação em organizações da sociedade civil e movimentos sociais, candidata a deputada estadual em 2018 e coordenadora-executiva do Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social; e Debora Gepp, socióloga, responsável pelo Programa de Diversidade e Inclusão da Braskem e cofundadora da Rede Brasileira de Mulheres LGBTs.

A mediação será feita por Iara Rolnik, gerente de programas do Instituto Ibirapitanga, socióloga e mestre em Demografia, cuja trajetória abrange pesquisa social e urbana no universo acadêmico e em organizações da sociedade civil voltadas ao desenvolvimento de políticas públicas e direitos humanos, e que atuou como consultora da Secretaria-Geral da Presidência da República e gerente de conhecimento do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE).

Essa discussão insere-se num contexto de crise econômica, com quase 12% da população sem emprego. Ao se observar as mulheres e homens negros, esse índice atinge, respectivamente, 13,9% e 14,9% nessas populações, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada na semana passada no país.

Para Viviane Soranso, responsável pelo Vozes Urbanas, é importante que esse debate seja colocado agora, mesmo em cenário de crise. “Na década passada, em que tínhamos índices estáveis de desemprego, o debate em torno de representação e da diversidade no mercado de trabalho pouco avançou”, lembra a psicóloga que integra a equipe de mobilização social e redes da Fundação Tide Setubal.

“Então, que coloquemos agora, com o desemprego e o desalento atingindo principalmente as populações menos favorecidas, para que, no futuro, quando tivermos em um cenário melhor, esse debate já esteja maduro e avance”, projeta Soranso.

A mesa sobre Diversidade no Mercado de Trabalho e nos Espaços de Poder trará será tratada sob um prisma transversal, conectado ao debate das desigualdades educacionais e como elas refletem neste cenário de sub-representação, que é o elo deste com os outros cinco encontros que a Fundação Tide já promoveu.

“Queremos colocar o debate sobre as desigualdades educacionais porque entendemos que essa chaga reflete em todos os outros estágios da vida”, explica Viviane Soranso. “Assim, o objetivo é entender por que as pessoas negras, que são aquelas com menos oportunidades educacionais desde o ensino fundamental, são as mesmas que estão sub-representadas na política, nos mais altos cargos nas empresas e no setor público também”.

Ao longo de 2019, o Vozes Urbanas vem reunindo especialistas para debates que provoquem a reflexão e a mobilização e influenciem as políticas públicas educacionais, sob a ótica das desigualdades educacionais brasileiras, com o recorte de gênero e de raça. Na primeira edição do ano, a intenção foi estabelecer uma radiografia das desigualdades educacionais; a segunda tratou das escolas democráticas e abordou o legado das ocupações estudantis em 2015 e 2016 para falar de cidadania, representação e democracia em sala de aula. O terceiro encontro contou com gestores públicos e discutiu desafios e possibilidades para a formulação de políticas públicas que enfrentem as desigualdades educacionais no percurso escolar até o acesso à universidade; na quarta mesa, o debate foi sobre como a diversidade é tratada nas universidades do país. E no mês passado, na quinta mesa, a discussão foi sobre como a realidade prisional brasileira passa pelas desigualdades educacionais e de raça e as reforça.

SERVIÇO – Vozes Urbanas: Diversidade no Mercado de Trabalho e nos Espaços de Poder

Entrada: aberta, gratuita e sem inscrição

Data: terça-feira, 26 de novembro
Horário: das 18h30 às 21h
Onde: Unibes Cultural
Endereço: rua Oscar Freire, 2.500, Sala Multiuso do 2º andar (ao lado do Metrô Sumaré) 

Sobre a Fundação Tide Setubal (www.fundacaotidesetubal.org.br): organização não governamental, de origem familiar, criada em 2006, que fomenta iniciativas promotoras da justiça social e do desenvolvimento sustentável de periferias urbanas e que contribuam para enfrentar desigualdades socioespaciais das grandes cidades, em articulação com sociedade civil, instituições de pesquisa, Estado e mercado.