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FUNDAÇÃO ARNALDO VIEIRA DE CARVALHO - 10 produtos para bebês que podem ser perigosos, se não forem usados do jeito certo

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Professor da FCM/Santa Casa é entrevistado pela Revista Crescer

O que você costuma observar no momento de comprar um produto para o seu filho? A beleza, a facilidade, os benefícios? Pois, saiba que são justamente alguns detalhes na hora da escolha — e do uso — que garantirá a segurança do seu filho. “Os acidentes podem acontecer em diversas situações do dia a dia. Por isso é muito importante se informar sobre o que pode representar um risco ao bebê e agir de forma preventiva. Você pode aplicar essas orientações antes mesmo de o bebê chegar”, alerta um e-book lançado pela ONG Criança Segura, com orientações de segurança aos pais.

Segundo a ONG, o primeiro passo, antes de fazer a compra -— seja de um berço, uma cadeira de alimentação ou um simples brinquedo — é sempre checar se o produto possui o selo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO), uma certificação dada para os produtos que respeitam as exigências de segurança propostas pelo orgão, além de passarem em diversos testes, que incluem embalagem correta, verificação de queda, componentes químicos, inflamabilidade, entre outros. Outro ponto importante é sempre seguir as orientações do manual de instrução do produto.

Pensando nisso, reunimos 10 opções que podem ser facilmente encontradas nas prateleiras das lojas e que, apesar de facilitarem a rotina dos pais, podem oferecer risco, dependendo de como forem utilizados. Confira quais são e que cuidados você deve ter!

1. CADEIRA DE DESCANSO

Existem versões simples e também automáticas, que imitam uma espécie de balanço. Elas costumam ser reclináveis, permitindo que o bebê possa ficar sentado ou deitado. No entanto, segundo a ONG Criança Segura, não é seguro deixar a criança dormir ou ficar sem supervisão em carrinhos e cadeirinhas”.

Há riscos de asfixia, dependendo da posição do pescoço da criança ou de como o cinto de segurança esteja sendo usado. Já o pediatra e naonatologista Nelson Douglas Ejzenbaum, membro da Academia Americana de Pediatria, afirma que existe também a possibilidade de a criança cair da cadeirinha. Por isso, o uso do cinto de segurança é fundamental. A diretora executiva da Kidsafe SA, Holly Fitzgerald, completa dizendo que, embora seja tentador para os pais deixarem as crianças soltas em carrinhos e cadeirinhas, principalmente quando for por pouco tempo, é vital usar o cinto de segurança de cinco pontos todas as vezes.

Nesta semana, felizmente, um pai chinês conseguiu agir rapidamente e pegar sua filha de 8 meses antes que ela batesse com a cabeça no chão. A criança estava sem cinto e virou-se na cadeira de descanso. O susto poderia ter sido evitado se o bebê estivesse devidamente preso à cadeirinha.

2. ALMOFADAS DE BERÇO

As almofadas ou protetores berço, como também são conhecidas, tornaram-se bastante populares alguns anos atrás. No entanto, o produto passou a ser contraindicado pelos pediatras em função do risco de sufocamento. A Academia Americana de Pediatria não recomenda o uso. Nos Estados Unidos, os protetores são, inclusive, proibidos em algumas regiões, como Chicago e Maryland. Isso porque um importante estudo norte-americano, publicado em 2007, atribuiu claramente as mortes infantis as almofadas de berço.

Os pais temem que o bebê coloque os braços ou pernas para fora do berço ou batam com a cabeça enquanto rolam durante o sono, mas o risco maior continua sendo o sufocamento. “Verifique se a distância entre as grades não é maior do que 6 cm. Isso evita que a criança prenda alguma parte de seu corpo”, orienta a ONG Criança Segura.

A ONG lembra também que, na hora de dormir, não é recomendado que haja qualquer item solto dentro de berço do bebê. “No máximo, uma mantinha cobrindo o bebê até a altura do peito, sempre com os braços para fora. Não usem almofadas ou ursinhos de pelúcia, eles podem causar sufocação enquanto a criança dorme”, alerta a entidade.

3. ANDADORES

Pediatras de diversos países do mundo são unânimes em relação ao uso de andadores: eles representam um risco muito grande para as crianças. O uso é contraindicado, inclusive, pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). “São extremamente perigosos e já deveriam ter parado de fabricar no Brasil. Nunca devem ser usados. Podem causar fraturas sérias ou ainda uma alteração articular, já que a criança pode aprender a andar errado”, alerta o pediatra Nelson Ejzenbaum, membro da Academia Americana de Pediatria e SBP, referindo-se aos modelos em que as crianças ficam em cadeirinha, envoltas por uma espécie de bandeja.

A coordenadora nacional da ONG Criança Segura, Gabriela Freitas, reforça a importância de um estudo dessa magnitude sobre acidentes com andadores, o que ainda não foi feito no Brasil. “Ainda tem gente que usa, afinal, ele continua sendo fabricado. O que eu sinto por meio do contato com as famílias é que já temos muitas pessoas que sabem que é proibido e perigoso, mas ainda há quem defenda, o que está relacionado ao acesso à informação e ao alcance das campanhas”, explica. Do ponto de vista de acidentes, são dois os principais motivos para o uso do andador não ser recomendado: a criança ficaria vulnerável à questão de capotamento e, como ficaria mais rápida, teria acesso facilitado a outras áreas da casa, potencialmente perigosas, como escadas, por exemplo.

Além disso, estudos mostram que andador não tem qualquer papel real no desenvolvimento motor. “Muito pelo contrário. A criança adquire uma pseudo-segurança de que consegue andar, mas, quando tiramos o andador, vemos que ela cai muito mais, porque teve seu desenvolvimento natural perturbado”, explica o pediatra Eduardo Juan Troster, do Hospital Israelita Albert Einstein (SP).

Em setembro deste ano, um vídeo viralizou nas redes sociais. Nele, um bebê em um andador desce uma rua íngrime em alta velocidade. Ao ver a criança, um motociclista que passava pelo local agiu rapidamente e conseguiu pegá-la antes que o andador virasse. Logo atrás, uma mulher, que parece ser a mãe, corre para pegar a criança. As imagens foram atribuídas à República Dominicana.

4. BERÇOS COM GRADES MÓVEIS

A grade móvel facilita o acesso dos pais ao bebês, no entanto, pediatras afirmam que há risco de a grade cair inesperadamente e causar ferimentos na criança. Em casos mais graves, pode levar até a morte. Segundo Today Parents, a partir de dezembro, a venda, a importação e a fabricação desse tipo de berço será ilegal no Canadá. Nos Estados Unidos, eles já são ilegais. No Brasil, segundo a ONG Criança Segura, eles foram proibidos pelo Inmetro por representarem riscos às crianças. “Evite usá-los”, alerta a ONG. “Se os dois lados forem fixos, melhor. Caso contrário, o lado móvel precisa ter uma trava para que não se torne perigoso. Lembre-se de que o berço deve ser muito bem montado e os pais devem ter atenção redobrada aos encaixes”, alerta o pediatra Nelson Ejzenbaum.

Segundo ele, o suporte do colchão, que costuma ser ajustável, também deve ser bem preso para que não caia. Além disso, deve-se ter atenção à profundidade desse suporte. “Deve estar de modo que a criança não consiga se jogar do berço. Ela deve ficar inteira dentro do berço”, completa.

5. ASSENTOS DE BANHO

O pediatra canadense Claude Cyr acredita que os assentos de banho serão os próximos produtos a serem proibidos: “A Sociedade Canadense de Pediatria está tentando remover os assentos de banho do mercado porque são geralmente perigosos. Eles fazem os pais sentirem que podem deixar seus bebês desacompanhados, mas não há maneira segura de deixar um bebê sozinho na banheira – mesmo por um momento”, disse, em entrevista ao Today Parents.

Segundo ele, os acidentes geralmente acontecem quando os assentos tombam ou quando os bebês saltam ou escorregam pelas aberturas das pernas. Enquanto isso, a ONG Criança Segura faz um alerta: “O produto não é proibido no Brasil, os pais podem usá-lo, mas é fundamental que eles nunca deixem as crianças sozinhas no banho”.

6. NINHO PARA BEBÊ

Ele virou moda: alguns pais usam o ninho como redutor de berço, outros, para fazer cama compartilhada. É uma espécie de mini-berço que vem se tornando cada vez mais popular. No entanto, alguns pediatras não recomendam o uso.

Depois que os bebês aprendem a rolar, segundo a ONG Criança Segura, esses produtos apresentam os mesmos riscos que os protetores de berço: os bebês podem ficar com o rosto preso nas laterais e sufocar, mesmo que sejam feitos de materiais respiráveis. Para o sono, o mais seguro continua sendo o berço com um colchão firme, sem nenhum tipo de acessório solto.

7. BERÇO ACOPLADO

Os produtos semelhantes a berços têm apenas três lados para que possam se “aninhar” contra a cama dos pais, geralmente presos por uma alça. Isso pode ser conveniente, especialmente porque a mãe pode apenas estender a mão para pegar seu filho para uma sessão de amamentação no meio da noite.

No entanto, há riscos de o bebê ficar preso no espaço entre os colchões, de acordo com a Health Canadá. “Mesmo que não pareça que há uma lacuna após a instalação do berço, o peso de um dos pais subindo na cama pode deslocar o colchão ou afundá-lo, criando uma lacuna”, afirma a entidade à Today Parents. Se for usar, tome cuidado com os ajustes durante a instalação e verifique regularmente se tudo está firme.

8. ASSENTO DE ALIMENTAÇÃO

É bom ter o bebê na altura dos olhos na hora da refeição, mas os assentos podem ser perigosos se você colocá-los em superfícies altas, como bancadas e mesas de jantar, e seu filho cair. Isso foi destacado em um recall de 2012 que resultou no acréscimo de tiras a um dos produtos, bem como um aviso contra colocar os assentos em qualquer superfície que não seja o chão, lembra o Today Parents.

O alerta também é para que os bebês nunca fiquem sem supervisão nesse tipo de assento. “Os pais podem utilizar, mas devem estar o tempo todo presentes. Uma boa dica na hora de comprar um produto, é testar se ele não fica inclinado quando a criança está sentada”, afirma a ONG Criança Segura.

9. SLINGS

Todos os slings são perigosos se forem mal utilizados. Se o bebê não estiver posicionado corretamente, há o risco de ele cair ou sufocar. As vias aéreas podem ser obstruídas pelo tecido ou até mesmo pela posição em que fica (com o queixo muito perto do peito), se estiver mal ajustado.

No ano passado, uma mãe australiana, de 36 anos, que carregava seu bebê de apenas três semanas no sling, viveu um verdadeiro pesadelo. Ao chegar no Centro de Saúde Comunitária de Long Jetty para uma consulta pós-natal, ela desembrulhou o bebê e o entregou a uma enfermeira que, no mesmo instante, percebeu que a criança não estava respirando. A equipe médica executou manobras de reanimação, mas, infelizmente, sem sucesso.

“No sling, a criança fica em uma posição ‘de rã’, com as pernas abertas em um ângulo de aproximadamente 45° em relação ao eixo corporal. E o quadril fica flexionado fazendo com que os joelhos fiquem um pouco acima do bumbum. Essa é a posição ideal”, explica o pediatra Marcelo Reibscheid, do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim (SP). Segundo o professor Miguel Akkari, chefe do departamente de ortopedia pediátrica da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa (SP), é importante sempre verificar se a criança está, de fato, confortável, e prestar atenção ao eixo cabeça, pescoço e costas, que deve ficar bem acomodado. Outras dicas são: o tecido nunca deve fechar totalmente em torno do bebê, para que você possa verificá-lo regularmente; e assegure-se de que a criança esteja posicionado alta, ereta e com a cabeça apoiada. Você deve ser capaz de beijar a testa dela apenas inclinando a sua cabeça para frente.

Se usado de forma correta, o pediatra Daniel Becker, do Instituto de Pediatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que o acessório ajuda a aliviar as cólicas e previne a plagiocefalia – também conhecida por cabeça achatada, já que o bebê não fica deitado na mesma posição o tempo todo.

10. UMIDIFICADORES

Umidificadores de névoa quente podem ser perigosos ao toque, principalmente se você tem um bebê que pode engatinhar ou andar. Portanto, o primeiro passo é mantê-lo sempre longe do alcance dos pequenos. Outro risco, que envolve também as versões de névoa fria é o desenvolvimento de mofo, se não forem limpos adequadamente.

“Podem ser extremamente perigosos para crianças, pois podem reunir fungos, causando danos respiratórios como penumonias fúngicas ou outros quadros como micosese alérgicas. Os pais podem usá-los, mas devem limpar o filtro regularmente, conforme o manual de instruções. O mesmo vale para inaladores. Eles precisam estar bem higienizados pelo mesmo motivo, caso contrário, em vez de solucionar o problema, causará um novo”, alerta o Ejzenbaum.

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Fonte: FCM/Santa Casa