Notícias das Associadas

FUNDAÇÃO TIDE SETUBAL - As mudanças climáticas e a reprodução das desigualdades

not 01 12 2021 6

Organizada e ocupada por ativistas, coletivos e institutos e reunindo representantes de cerca de 200 governos com o objetivo de acelerar a ação climática para cumprir o Acordo de Paris, a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26) ocorreu em Glasgow, na Escócia. O Coletivo Atlântica, apoiado pela Fundação Tide Setubal, participou da cobertura em parceria com o Perifa Sustentável e contou com as participações de Amanda Costa, Ellen Monielle, Mahryan Sampaio e Vitória Pinheiro.

A COP26 é a maior e mais importante conferência sobre o clima do planeta. Além do evento oficial, milhares de jovens e ativistas ocuparam as ruas da cidade para reivindicar outras pautas que, muitas vezes, são invisibilizadas. É o que ressalta o grupo dos coletivos lá presente.

O Perifa Sustentável trabalhou na cobertura e contou com o apoio do Coletivo Atlântica nas edições e postagens. A cobertura se deu em três eixos principais: Justiça Ambiental, Racismo Ambiental e Equidade Intergeracional. Foram abordados temas como gênero e sexualidade, soluções baseadas na natureza, economia circular e como novos modelos econômicos conseguem fortalecer a retomada econômica e a economia verde, empoderamento público, juventudes, justiça climática e como isso afeta diretamente a população negra e pobre de periferia, LGBTQIA+ e indígenas, financiamento climático, pauta indígena, alimentação e agricultura e conservação e biodiversidade direcionado à Amazônia.

De acordo com Amanda Costa, “é necessário descolonizar a linguagem e simplificar o debate climático, pois ele é muito branco, elitista, cheio de jargões técnicos e isso afasta as juventudes, principalmente as juventudes preta e de quebrada. Quem mais sofre com a injustiça ambiental são as comunidades de periferia, indígenas e quilombolas, por isso é necessário fazer com que a COP seja um evento de inclusão e visibilidade”.

A questão ambiental e a inclusão

O termo usado para designar as desigualdades apontadas por Amanda não é novo, embora pouco difundido, e é conhecido como racismo ambiental. Segundo Rita Maria da Silva Passos, doutoranda em Planejamento Urbano e Regional (IPPUR/UFRJ), o racismo ambiental caminha de mãos dadas com a necropolítica. Isso porque o crescimento muitas vezes se vale das desigualdades e, para isso, “negligencia, desapropria, mata e silencia os povos originários, quilombolas e periféricos. Por isso, o racismo ambiental também é estrutural, pois ele está em todos os espaços em que a estrutura econômica dominante se faz presente”.

De acordo com o Perifa Sustentável, a desigualdade afeta majoritariamente a população preta, periférica, indígena e LGBTQIA+. O grupo acredita que seja necessário fazer essas demandas virem ações para, em um futuro não tão distante, ser possível ter acesso a uma melhor qualidade de vida e a um planeta mais sustentável.

Ao participar do painel Brazil Climate Action Hub, Amanda Costa declara, em vídeo postado nesta cobertura, que: “é necessário pontuar que essa crise ambiental, democrática e de desenvolvimento é fruto do modelo de desenvolvimento patriarcal, machista, composto por uma supremacia branca, elitista e que falar de crise ambiental é entender que narrativas do sul global precisam sem descentralizadas e se conectar a outras realidades, não da para falar de clima sem falar de raça, massa e classe social”.

E você? Já conhecia essa abordagem sobre a questão ambiental?

Fonte: Fundação Tide Setubal