Notícias das Associadas

Filantropia: quem ajuda ao próximo, também se ajuda

not 04 11 2022 1

Pe. Carlos Fritzen*, Pe. Antônio Tabosa** e Catarina de Santana Silva***

No mês de outubro comemoramos o Dia Nacional da Filantropia. A data 20/10 tem como propósito evidenciar o trabalho das mais de 27 mil organizações do terceiro setor que atuam no país e impactam, diariamente, na vida de milhares de brasileiros e brasileiras.

A origem da palavra filantropia vem do grego e significa “amor à humanidade e grande generosidade para com os outros seres humanos”. Na prática, geralmente está associada a organizações religiosas (pioneiras no Brasil) e à sociedade civil, que dedicam tempo e recursos em ações e projetos solidários de grande relevância social. São iniciativas que partem do sentimento filantropo, de amor e de generosidade, e que oferecem auxílio a quem precisa, sem pedir nada em troca.

É importante ressaltar que a filantropia não é caridade, filantropia é ajudar, é colaborar com uma política pública, uma política social que você acredita ser relevante para o mundo, pelo simples propósito de tornar o mundo um lugar melhor. A filantropia é capaz de transformar vidas, reduzir os impactos da desigualdade social, ampliar pontes e dar acesso para atendimentos básicos. E isso nunca ficou tão em evidência como durante a pandemia de Covid-19.

Ousamos dizer que se não existisse a filantropia, teríamos um déficit muito maior de atenção a uma parte da população brasileira que está excluída de alguns direitos e que não têm, ainda, o mínimo para se desenvolver, para crescer como ser humano e, assim, transformar a sua realidade.

Ser uma instituição filantrópica na América Latina, em especial no Brasil, não é fácil. Significa ter que encontrar uma maneira de superar a limitação de recursos diante dos desafios para alcançar o bem-estar social e promover, em parceria com o Estado, a execução de políticas públicas para a seguridade social, fomentando recursos financeiros, humanos, culturais, espirituais e sociais. Um estudo da Universidade Johns Hopkins constatou que a América Latina não tem uma forte tradição sem fins lucrativos se comparado com países europeus ou norte-americanos. Aqui, as fontes de renda mais importantes para essas entidades ainda são autogeradas, em grande parte por meio de contribuições e da venda de serviços. Essas duas linhas respondem por 74% da receita total dessas organizações, em comparação com o 49,3% no caso dos países industrializados.

O Dia Nacional da Filantropia é uma data relevante, pois visibiliza as causas sociais, permite conhecer a contribuição das instituições Ffilantrópicas para a sociedade e mobilizar doações. No caso da Fundação Fé e Alegria do Brasil, obra de Promoção Social e Educação Popular da Companhia de Jesus, a cada R$ 1 de imunidade tributária, foram investidos R$ 8,40 em projetos de educação e de assistência social.

Presente em 14 estados no Brasil, a Fundação oferta serviços voltados para Educação, escolas de ensino formal, creches, assistência social, ações de integração para migrantes venezuelanos, serviços de apoio a pessoas em situação de rua, serviço de convivência e fortalecimento de vínculos, casas de acolhimento, acesso ao mundo do trabalho.

Há 40 anos, entregamos para a sociedade um trabalho que possibilita a transformação de vidas, potencializa a autonomia e protagonismo de seus atendidos e atendidas, atuando sob uma perspectiva de formação integral.

Somente em 2021, mais de 22 mil pessoas foram impactadas pelo trabalho de Fé e Alegria no Brasil, entre atendidos diretos e indiretos (crianças, adolescentes, jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social). Para funcionamento desses trabalhos são mobilizados diversos atores, quais sejam, governo, empresas privadas e pessoas físicas que, por meio de parcerias e doações, colaboram com a sustentabilidade das ações.

O cenário social é de muitos desafios a serem enfrentados, como o aumento de famílias na linha de pobreza e a falta de acesso aos serviços e direitos básicos. Sendo assim, a sociedade civil tem sido convocada para contribuir com iniciativas filantrópicas que possam colaborar na superação de desigualdades sociais. Os brasileiros estão muito bem colocados quando o assunto é filantropia. De acordo com o ranking geral do World Giving Index 2022, da organização britânica Charities Aid Foundation, o Brasil pulou da 54ª para a 18ª posição entre os países mais generosos do mundo. Isso mostra que o compromisso para a construção de uma sociedade mais solidária e humana depende de todos. E nunca é tarde para lembrar que quem ajuda ao próximo, também se ajuda.

* Coordenador-Geral da Federação Internacional Fé e Alegria
** Diretor-presidente da Fundação Fé e Alegria do Brasil
*** Coordenadora Executiva Regional de Pernambuco da Fundação Fé e Alegria do Brasil

Fonte: Diário de Pernambuco