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FUNDAÇÃO TIDE AZEVEDO SETUBAL - Mais de 30 organizações da sociedade civil lançam coalizão contra desigualdades

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  • ABCD (Ação Brasileira de Combate às Desigualdades) promoverá debates e disseminará e apoiará iniciativas que reduzam desigualdades
  • Criada para diminuir a fragmentação e a dispersão de organizações que já atuam com o mesmo objetivo, rede é comprometida com a diminuição das desigualdades no Brasil
  • Diferentes organizações brasileiras integram a iniciativa recém-lançada
Um conjunto de quase 40 organizações da sociedade civil, que atuam com os mais diversos temas e agendas, lançou, nesta terça-feira, 25 de agosto, a ABCD - Ação Brasileira de Combate às Desigualdades, uma rede nacional comprometida com a redução das diversas desigualdades no Brasil, criada para diminuir a fragmentação e a dispersão de organizações que já atuam com o mesmo objetivo no país, promovendo articulação e parcerias ao redor do tema.

Com um perfil “ecumênico” e agregador, essa coalizão é formada por organizações da sociedade civil, coletivos, movimentos sociais, culturais e religiosos, povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais, articulações setoriais e instituições acadêmicas. A lista completa de participantes se encontra aqui.

O lançamento oficial aconteceu na noite desta terça, em live transmitida por canais de diversas integrantes da rede, com uma mesa formada por Douglas Belchior (UNEAFRO/Coalizão Negra por Direitos), Maria Sylvia Aparecida de Oliveira (Geledés), Neca Setubal (Fundação Tide Setubal) e Oded Grajew (Oxfam Brasil, Rede Nossa São Paulo, Instituto Ethos).

Leia aqui o manifesto da ABCD — Ação Brasileira de Combate às Desigualdades

“A ideia da ABCD é unir esforços para, entre outras coisas, visibilizar, viabilizar e apoiar iniciativas das organizações que integram a rede. Não podemos mais tratar as desigualdades do Brasil como algo natural”, explicou Oded, em sua fala sobre a ABCD, que atuará por meio de ações diversas e complementares. Alguns exemplos são: facilitação e realização de iniciativas complementares ou conjuntas de combate às desigualdades pelas organizações participantes; divulgação de dados e análises para subsidiar o debate sobre esse tema na esfera pública; disseminação de informações em formatos inovadores; e ações culturais de comunicação e mobilização.

Criada em momento agudo para a sociedade brasileira, com uma pandemia que acirra e deixa ainda mais evidentes as nossas desigualdades crônicas, o primeiro objetivo da ABCD é incidir na pauta das eleições municipais programadas para novembro, com promoção de debates e disseminação e fortalecimento de iniciativas que reduzam as desigualdades no âmbito municipal. “Saúdo essa iniciativa, que quer provocar a elaboração política macro, com boa vontade de construir esse futuro alternativo”, discursou Douglas Belchior, apoiando-se numa das primeiras ações da frente. “Parte da importância da rede é essa união ao redor da constatação de que as desigualdades foram construídas, são resultado da ação humana, e, portanto, podem ser desconstruídas pela vontade humana também”, completou.

Maria Sylvia trouxe a expressão “matriarcado da miséria”, cunhada pelo poeta negro e nordestino Arnaldo Xavier, para designar a experiência histórica das mulheres negras, que estão na ponta das diferentes desigualdades, invariavelmente sendo afetadas por todas elas. “Essa experiência [das mulheres negras] é marcada pela exclusão, discriminação e rejeição social, e mesmo assim o papel de resistência e liderança dessas mulheres continua evidente; basta ver o que acontece nesta pandemia.”

Para a rede ABCD, o quadro de desigualdades extremas do Brasil é resultado da estrutura econômica e tributária e de uma série de políticas públicas e ações da sociedade implementadas ao longo do tempo que aprofundaram o quadro e que podem e devem ser desconstruídas. Essa desconstrução passa, por exemplo, por uma nova e equitativa política tributária; aperfeiçoamento do sistema político para ampliar a representatividade de grupos menos representados, como mulheres, negros e povos indígenas; revisão de políticas de austeridade, como o chamado “Teto de Gastos”; garantia de uma política de segurança pública voltada à proteção da vida de todas e todos, entre muitas outras medidas.

Segundo Neca Setubal, a sociedade brasileira chegou com muito atraso para o enfrentamento das desigualdades, mas a pandemia trouxe o debate que agora não pode ser mais ignorado. “E não é com ação voluntarista, como Dom Quixote lutando contra o moinho, mas com ações estratégicas, que atuam em todas as questões e passam, principalmente, pelas discussões territoriais, educacionais e tributária”, finalizou.

Sobre a ABCD - Ação Brasileira de Combate às Desigualdades: articulação da sociedade civil para diminuir a fragmentação e a dispersão dos que lutam para reduzir as desigualdades no Brasil. Conta com ativistas, coletivos, movimentos sociais, culturais e religiosos, povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais, acadêmicas/os, articulações setoriais e organizações da sociedade civil comprometidas com a redução das diversas desigualdades brasileiras: racial, de gênero, de renda, territorial, social, ambiental, política e de acesso e expressão cultural.

Fonte: FUNDAÇÃO TIDE AZEVEDO SETUBAL