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FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO MÉDICO HOSPITALAR – FAMESP - Suicídio: é preciso falar desse assunto

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Setembro Amarelo é uma campanha de prevenção ao suicídio. De acordo com o portal oficial da campanha, cerca de 12 mil suicídios são registrados todos os anos no Brasil. Como ajudar aquelas pessoas que têm ideias suicidas recorrentes? Há dicas para afastar esse tipo de pensamento? Nesse período de pandemia, com incertezas, angústias, medos, como manter a saúde mental? Há sinais de alertas para que amigos e familiares fiquem atentos? Para saber mais do assunto, conversamos com a psiquiatra Sheilla Ducati, que atua no Hospital de Base de Bauru, e com a psicóloga Maria Celeste Rodelli, da equipe do Hospital Estadual de Bauru.

Setembro Amarelo é uma campanha de prevenção ao suicídio desenvolvida, desde 2014, pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) numa parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e com o Centro de Valorização da Vida (CVV). De acordo com o portal oficial da campanha, cerca de 12 mil suicídios são registrados todos os anos no Brasil e mais de um milhão no mundo. A grande maioria dos casos (96,8%) de suicídio estava relacionada a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias.

A campanha tem seu dia D em 10 de setembro, mas promove ações durante o ano todo. Mundialmente, a campanha #setembroamarelo já ocorre desde 2003. A ideia é dar visibilidade à temática do suicídio como prevenção e destacar centros que ofereçam apoio a essa prevenção.

“Se nós pensarmos que mais de 90% dos casos de suicídio, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estão associados a distúrbios mentais e, portanto, podem ser evitados se as causas forem tratadas corretamente, o enfoque dado por esses órgãos e entidades à questão da prevenção se torna vital em contraposição à imagem de suicídio veiculada ou comentada muitas vezes em todos os locais que eles ocorrem”, analisa a psicóloga Maria Celeste Rodelli, da equipe do Hospital Estadual de Bauru.

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“A discussão da temática também procura fazer com que as pessoas se atentem ao seu papel dentro dos pequenos grupos. Seja de família, seja de amigos, como parceiros de cuidado e atenção. E possibilita espaços de cuidado e busca de ajuda especializada, se for o caso, às pessoas em sofrimento mental e possíveis ideações suicidas. Isso traz uma força para a criação de redes de cuidado para além dos serviços especializados e como grandes parceiras destes na comunidade”, explica.

Na pandemia

A psicóloga destaca um estudo da Universidade de Oxford (2020) que aponta que os efeitos psicológicos da pandemia de Covid-19 poderão ser muito mais elevados e mais duradouros que os efeitos puramente somáticos da infecção. “Segundo esse estudo, um a cada 16 pacientes com Covid-19, que nunca teve uma doença mental, será diagnosticado com algum transtorno desse tipo dentro de três meses após a infecção. A atenção deve ser ainda maior para quem tem transtornos mentais já instalados e pessoas com tentativas prévias de suicídio ou que apresentam pensamentos e ideação suicida. São esses os grupos mais vulneráveis no contexto da pandemia, além de idosos, crianças e doentes crônicos”, informa Maria Celeste.

Para a médica psiquiatra Sheilla Ducatti, coordenadora do Serviço de Psiquiatria do Hospital de Base de Bauru, alguns fatores são fundamentais para manter a saúde mental durante a pandemia, como manter boa qualidade de sono, evitar alterar demais o ritmo biológico; praticar atividade física, que é um instrumento poderoso para manter a imunidade forte; evitar abuso de álcool, que tem um efeito depressivo e ansiogênico; e, evitar acesso a fontes de informação sobre o Covid de maneira excessiva.

“Um dos problemas dessa pandemia é o bombardeio de notícias sobre a doença... É preciso regular o acesso a informações e escolher fontes confiáveis”, destaca. Segundo a especialista, isolamento social para além do que é considerado normal atualmente, irritação fácil, agressividade, queda no rendimento de tarefas cotidianas, perda de interesse em atividades que antes eram feitas com prazer, comentários autodepreciativos frequentes e comentários insistentes sobre morte são alguns sinais de alteração de comportamento que podem servir de alerta na prevenção do suicídio.

O site oficial da campanha traz informações, vídeos, materiais educativos e peças para downloads, incentivando toda a sociedade civil e organizada a participar dessa ação e falar do assunto. De acordo com o portal, cerca de 12 mil suicídios são registrados todos os anos no Brasil e mais de um milhão no mundo. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias. #setembroamarelo #vidasimportam #FontesFamesp

Especialistas analisam o tema

Mas, afinal, como ajudar aquelas pessoas que têm ideias suicidas recorrentes? Há dicas para afastar esse tipo de pensamento? Qual o papel de campanhas como o setembro amarelo? Nesse período de pandemia, com incertezas, angústias, medos, como manter a saúde mental? Há sinais de alertas para que amigos e familiares fiquem atentos? Para responder essas e outras perguntas, conversamos com a psiquiatra Sheilla Ducati, que atua no Hospital de Base de Bauru, e com a psicóloga Maria Celeste Rodelli, da equipe do Hospital Estadual de Bauru. Confira, aqui, os áudios.

Ouça o que diz a psicóloga Maria Celeste Rodelli:

>>> A campanha Setembro Amarelo ( 3'07)  

>>> Sinais de alerta (5'45)

>>> A pandemia e a saúde mental (1'43)  

>>> Pensamentos suicidas e dicas para evitá-los (2'43)  

>>> Como ajudar? (1'05)  

Ouça o que diz a psiquiatra Sheilla Ducati

>>> Saúde mental e a campanha setembro amarelo (Áudio de 2'11)  

VEJA TAMBÉM:

A Associação Brasileira de Psiquiatria, o Conselho Federal de Medicina e a Associação Psiquiátrica da América Latina mantêm um portal oficial da campanha com vídeos e orientações a respeito do tema.

Confira também a cartilha produzida pelo Conselho Federal de Medicina

Fonte: FAMESP