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FUNDAÇÃO JULITA - “A Julita tem uma capacidade absurda de promover o bem”

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Conheci a Fundação através do meu filho e de um amigo dele, que fazia parte da diretoria. Até que recebi a proposta de vir ocupar a presidência da Julita. Aceitei e montamos uma diretoria na época. Assim iniciamos um trabalho cujo primeiro foco foi atuar nos aspectos legais, balanços, fluxo de caixa e eventuais responsabilidades contratuais. Um dos feitos foi trazer uma auditoria independente para cá, a Delloitte.

Com esses primeiros passos, após ter detalhado condições financeiras, como melhorar controles internos, responsabilidades fiscais – diagnóstico completo de onde estávamos, começamos a trabalhar no sentido de trazer uma clareza de propósitos em tudo que tínhamos como responsabilidade. Esse processo deu muita credibilidade à Fundação. Todos sabíamos aonde estávamos e para onde poderíamos ir. A partir de um horizonte em que tudo estava absolutamente claro para o conselho da Julita.

Foi uma visão que nos permitiu dirigir o trabalho durante os anos seguintes. Fiquei 3 anos como presidente na Julita. Antes da presidência, cheguei a fazer atividade com o Centro de Juventude (CJ), como voluntário. Realizei um treinamento com os educadores do programa, no sentido de entenderem o conceito de mentoria, que é fundamental em atividades com pessoas.

A mentoria desperta nos participantes do curso um sentimento de entender a sua missão perante as pessoas ao redor e de buscarem caminhos comuns para desenvolver o trabalho. A ideia era os educadores conhecerem o processo de valorização das pessoas e, assim, aplicarem esse conhecimento com educandos.

Na vida de todos nós, o processo decisório é fundamental. Se o jovem tiver o conhecimento de como pode fazer análise de alternativas, adquire um olhar mais abrangente.

Na Julita, eu me senti capaz de adotar uma abordagem diferente do que vinha fazendo profissionalmente, quando diretor de fábricas. Uma coisa é dirigir linha de produção, engenharia. Outra é dirigir pessoas que deveriam entender que há um novo modelo de gestão, que é a participativa, aonde a mentoria é um dos itens desse desenvolvimento. Hoje, um gerente, um diretor que não participa, se integra e promove atividades em grupo está fadado a não ter sucesso.

Na minha trajetória profissional, fui responsável pela divisão da Phillips, que trouxe os primeiros computadores comerciais para o Brasil. Depois, atuei na empresa americana Searle, que associou um grande computador a um sistema automático de diagnósticos (exames médicos) para executivos de grandes empresas. E lá me apaixonei pela medicina. Percebi que a engenharia poderia fazer muito pela medicina. Daí montei uma fábrica de marca passos no Brasil, com tecnologia dos EUA e Alemanha. Até que vendi minha participação na empresa para dar mais atenção à família.

Para mim, ser presidente da Julita não era um trabalho. Fazia com muito prazer. Era algo participativo, a gente estava aqui para estar com as pessoas. Fazer com que ficassem mais conscientes.

Acredito que todo profissional que trabalha em entidades precisa ser bastante consciente de que você está lá para ajudar e não para resolver todos os problemas. A primeira tendência é querer resolver tudo sem muita análise. Mas depois percebe que isso não vai resolver, não traz nada institucionalmente.

Aprendi demais como presidente da Julita, muito mais do que doei. Poder conviver com realidades que eram muito diferentes da minha, entender o que era uma entidade que ajuda um grupo de pessoas que são desprezados, taxados.

Fui um presidente que estava na Julita quatro vezes por semana. Entendi a importância do exemplo de dignidade, acho que hoje respeitar o próximo é o primeiro passo para um futuro melhor. E a Julita tem respeito da comunidade, é encarada como comunidade séria, longe de Fundações que foram criadas para atos escusos, e tem muitas delas e grandes. A Julita traz no seu ser (que, por ser um ser, é viva) uma capacidade absurda de promover o bem. É isso que me encanta nela.

Toda vez que entrava no CEI (Centro de Educação Infantil), creche da Julita, e fazia isso com muita frequência, eu ficava extremamente sensibilizado e emotivo em ver as crianças virem me abraçar, me chamando de avô. Eu entrava nas salas, sentava com elas, e era tão bom ser o avô delas.

A participação dos funcionários e das pessoas é o coração disso tudo, então serem respeitadas é uma coisa importantíssima. Se fossem orientadas, suas necessidades fossem estudadas... sempre acreditei que isso manteria essa chama que todo mundo tem de dar o melhor pela Fundação. E é preciso motivar para que a chama continue acesa; se começarem a ruir o trabalho será muito mais difícil. Isso não deve e nem pode acontecer.

Sr. Helcio Alcides Nosé foi presidente da Fundação Julita de 2015 a 2017.

Fonte: Fundação Julita