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FUNDAÇÃO JOSÉ LUIZ EGYDIO SETÚBAL - Grupo Saracura traz música para os corredores do Sabará e aposta no brincar como ferramenta de cura

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Foto: snowing/Freepik

Há 20 anos no Sabará, o grupo traz releituras de músicas do cancioneiro popular para o cotidiano do hospital

A história do grupo Saracura no Sabará começou em 2003, quando o hospital, na época o “Sabarazinho”, ainda ficava na rua Dona Antônia de Queirós. Nessa época, os músicos do grupo atuavam no Pronto-Socorro e em alguns leitos de internação, trazendo alegria e diversão para os pequenos que chegavam em nossa unidade. Vinte anos depois, o grupo é parte essencial de nosso programa de humanização, que atende desde crianças com quadros de alta complexidade aos pacientes do PS.

Com um repertório focado no cancioneiro popular e em canções conhecidas pelas famílias, os músicos visitam as crianças em seus quartos e suavizam a rotina estressante da internação. “A gente sempre procura deixar o paciente e os acompanhantes muito à vontade para aceitar ou até mesmo recusar a música. Depois de quase 20 anos batendo nas portas dos quartos, hoje temos um protocolo bem ensaiadinho para esse primeiro contato ser o mais delicado, sereno e acolhedor possível. E as crianças, na maioria das vezes, costumam ficar muito encantadas com os nossos instrumentos”, conta Felipe Glebocki, um dos fundadores do Grupo Saracura.

Alta complexidade

O Saracura é pioneiro na atuação com música em ambientes de saúde de alta complexidade, lidando com crianças que podem passar meses internadas. Restritos aos corredores do hospital, esses pequenos precisam de mais atenção para lidar com o estresse, a ansiedade e a falta de atividade física. “O paciente que está em um ambiente de alta complexidade é também o paciente que está mais privado de brincar e fazer as coisas que gosta. Neste ambiente também estão os casos mais complicados de resolver do ponto de vista médico, o que aumenta a angústia e ansiedade não somente do próprio paciente, como também dos familiares e equipe clínica. Gosto de pensar que os músicos são um componente a mais para auxiliar o paciente e as famílias a viverem aquela fase”, explica o músico.

A partir de 2016, o Saracura aumentou o número de músicos na equipe para atender diversas instituições de saúde, e aumentou o rigor da metodologia utilizada para treinar os profissionais que convivem diariamente com as crianças e as equipes clínicas. “Atualmente, em toda atuação do grupo há sempre um músico monitor, que é alguém que está há mais tempo no grupo e que garante que tudo funcione bem durante a atuação no hospital. Cada hospital tem o seu monitor específico, que participa regularmente de reuniões promovidas pelo grupo Saracura onde há compartilhamento de casos, troca de experiências e saberes”.

Brincar também é cura

No Sabará, o brincar é considerado parte essencial do cuidado de todos os pacientes internados. É por meio da brincadeira que as crianças aprendem, se comunicam e lidam com as experiências da internação. A equipe de humanização, formada por músicos, voluntários e outros profissionais, brinca com as crianças em todos os momentos possíveis, o que acelera a recuperação dos pequenos e ajuda no bem-estar das famílias.

“Dentro desse contexto do brincar, a música tem um papel vital. Ela está presente tanto nas brincadeiras como nos momentos da soneca com as canções de ninar, ou até mesmo como uma forma de integração e momento de lazer entre os familiares que têm o hábito de cantar ou tocar um instrumento em ocasiões diversas. Também temos as músicas presentes nos desenhos, filmes e vídeos que as crianças conhecem e que acabam tendo um papel importante na vida delas. Em certa medida, os músicos do Saracura se apropriam também desse repertório, junto com as cantigas de roda e as canções populares brasileiras para poder se aproximar das crianças”, analisa Felipe.

A partir desse primeiro contato com a música, muitas crianças passam a se aproximar do universo artístico para além dos corredores do hospital. “É muito comum que algumas crianças fiquem muito encantadas com os músicos e queiram aprender a tocar algum instrumento. Situações de crianças que pedem um violão de aniversário após receber as visitas dos músicos são frequentes, o que é muito bacana. Também encontramos crianças que já têm alguns instrumentos musicais e então tocamos juntos as músicas que elas propõem”, completa ele.

Fonte: Fundação José Luiz Egydio Setúbal