Notícias das Associadas

FUNDAÇÃO TIDE AZEVEDO SETUBAL - O que esperar do futuro (e como construí-lo)?

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Foto: Airam Dato-on / Pexels

Por Amauri Eugênio Jr.

Esta é a última de uma série de reportagens especiais sobre juventudes e democracia. Confira as cinco reportagens anteriores na seção de notícias do nosso site.

Se há uma palavra que pode definir o que esperar para os próximos anos quando o assunto é política, Paloma Pereira escolheu aquela que, por meio de dinâmicas diversas, passa pela leitura feita pelas/os jovens entrevistadas/os: “Desafios! Muitos desafios gestados pela pandemia, pelo cenário internacional e pelo desbalanço entre os poderes da república.”

A jovem considera que tais desafios estão ligados a diversos fatores, como o equilíbrio entre os Três Poderes e as Forças Armadas, a crise em âmbitos inflacionário, energético e alimentar, transparência orçamentária, fortalecimento do salário mínimo, retomada do crescimento econômico e geração de empregos com melhores condições trabalhistas. “Houve um déficit educacional fruto da ausência de investimentos e de planejamento para que os índices alcançados no Brasil quanto à inserção de jovens no ensino superior, no que diz respeito à democratização do acesso ao ensino técnico com a expansão das escolas técnicas – isso tudo foi sucateado, e precisa ser recuperado.

Em meio à perspectiva adotada com um quê de ceticismo diante do cenário sociopolítico e econômico dos últimos anos, idealizar os próximos tempos para colocar mudanças em prática será uma pauta central: “É necessário garantir que as/os jovens criem expectativa para o futuro e isso só se faz por meio da educação.”

Ainda que seja grande o tamanho das tarefas que precisarão ser colocadas em prática nos próximos anos, a esperança está no radar. Wesley Xavier considera que haverá, nos próximos anos, o resgate de políticas públicas que foram descaracterizadas nos últimos anos. “Acredito na gestão popular. Sem o poder popular dividindo a gestão principalmente dos espaços que oferecem acesso à periferia, não haverá mudanças.”

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Luciana Petersen / Arquivo pessoal

Luciana Petersen apresenta leitura semelhante no quesito esperança, ao mostrar a sua visão sobre as esferas religiosa e democrática – a retomada da democracia ocorre a “passos de formiguinha” segundo ela. “O estrago do cristofascismo na mentalidade de grande parte dos brasileiros foi grande e será necessária uma boa faxina para voltarmos a disputar a partir do diálogo em vez da força. Entre evangélicas/os, felizmente, temos o bom exemplo de Jesus, que sempre lutou ao lado dos pobres e defendeu os oprimidos.”

Ao mesmo tempo em que esperança e pragmatismo estão no radar, a batalha narrativa conta também com lugar de destaque para Caio Santos. “A diferença é que o eixo do poder mudou e precisaremos observar como a política tradicional, após esta crise que durou quase dez anos, se reinventará. Não dá para ignorar as redes, mas também não dá para pautar um governo todo nisso – esse foi um dos grandes erros do governo passado.”

Por fim, Amanda Costa considera também que comunicação, diálogo e narrativa têm papéis fundamentais para engajar as juventudes na esfera política. Ao passo que será necessário desmontar lugares-comuns que retroalimentam a ocupação política por grupos hegemônicos, assim como aquelas que distanciam temas urgentes como mudanças climáticas do dia a dia populacional, será necessário mostrar a pluralidade dessas pautas e mostrar que pontos até então considerados antagônicos estão muito mais próximos do que se imagina.

“Há um tempo escrevi um artigo falando sobre a minha fé e como a religião evangélica foi essencial para sustentar Bolsonaro no poder, de como grande parte dos golpistas e terroristas sustenta a religião evangélica e o modo como o movimento evangélico é plural, diverso e multifacetado. Ele inclui diferentes narrativas, como a de uma jovem mulher preta, periférica e, neste momento, de esquerda. Criar esses canais de comunicação e diálogo é essencial, apesar de muitas vezes a gente não conseguir chegar em quem realmente está na ponta, em quem realmente está sofrendo com as fake news”, finaliza Amanda.

Fonte: Fundação Tide Azevedo Setubal