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FUNDAÇÃO ABRINQ - Quais são as fases da infância e por que é importante conhecê-las?

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Foto: Freepik

Compreender as fases da infância é muito importante não só para pais, responsáveis e educadores, que lidam diretamente com as crianças no seu cotidiano, mas para toda a sociedade. Afinal, são nos primeiros anos de vida que as experiências individuais são mais determinantes para a formação do adulto que as pessoas serão no futuro.

Do ponto de vista acadêmico, há diversas maneiras de se analisar este período tão importante para os seres humanos: alguns enxergam a infância apenas como o resultado da nossa biologia e genética, por exemplo. No entanto, segundo a teoria histórico-cultural, o ser humano e seus processos são o resultado da história e da cultura.

Oliver Lima, pedagogo especialista em educação infantil e participante do webinar Construindo Futuros: da creche ao ensino médio, é adepto desta forma de entender a infância. “Nesta perspectiva, a educação assume papel decisivo na vida das crianças em função da defesa de que a aprendizagem é o motor do desenvolvimento”, explica.

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As principais fases da infância

Segundo Oliver, cada fase da infância possui uma atividade principal norteadora do desenvolvimento que não diz respeito a fatores biológicos ou genéticos, mas consiste em um fenômeno histórico no qual cada período da vida das pessoas é mediado pela cultura e pelas experiências sociais. Dessa forma, é possível dividir a infância em três períodos distintos, cada qual com suas características particulares.

Começando a perceber o entorno

A primeira etapa, que vai do nascimento até o primeiro aniversário, é marcada por um período de dependência em relação aos adultos. “Esta fase tem como atividade principal, e de forma muito estreita, a comunicação emocional direta, em que os laços de intimidade e afeto entre a criança e os adultos são latentes”, conta o especialista.

No primeiro ano de vida, as necessidades básicas como alimentação, segurança, higiene, proteção, entre outros, são garantidas pelo adulto. Oliver explica que, pela impossibilidade da fala por meio de palavras, a comunicação acontece pelos olhos e pelo movimento corporal, quando a criança percebe as emoções do adulto por meio do toque, da fala e do olhar.

É também nesta fase que o aconchego do colo, os estímulos sonoros e a própria interação com o meio e o outro dão a oportunidade para que a criança inicie o processo de consciência das funções sensoriais e motoras.

“A compreensão inicial da linguagem, o aparecimento da vontade própria e o andar marcam o final desta idade, assim como a ampliação da interação social e o conhecimento da realidade em que está inserida”, afirma o pedagogo.

A fase da exploração e do toque

“Entre o primeiro e o terceiro ano, a atividade principal da criança é a objetal manipulatória”, conta Oliver. Isso quer dizer que, neste período, a criança inicialmente manuseia e explora os diferentes objetos culturais sem necessariamente aproveitar o seu uso social e, aos poucos, vai se interessando em compreender o significado destas materialidades e do fazer cotidiano dos adultos.

Um exemplo disso é uma caneta, que em um primeiro momento, nas mãos de uma criança, não é um instrumento usado para escrever. Para o pequeno, aquele objetivo pode ser um avião, um trem, ou qualquer outra coisa que a sua imaginação inventar.

“Este período é marcado pela exploração e pelo tateio de diferentes materialidades, por meio dos quais a criança experimenta, observa, se concentra, cria modelos de ação que impulsionam o seu pensamento, interage e tenta resolver dúvidas geradas pela interação com as outras crianças”, enfatiza o pedagogo.

Assim, Oliver explica que, com o apoio do adulto, a criança desenvolve o seu pensamento e inicia um processo de compreensão do seu entorno, passando a ter uma consciência mais ampla da realidade.

Entendendo a realidade pela imitação

Já no período de 4 a 5 anos e 11 meses, a criança amplia o seu olhar ao entorno e utiliza a imitação dos adultos em suas relações cotidianas como atividade principal. “Conhecida como a fase da brincadeira ou dos papéis sociais, as experiências infantis recaem no significado social das ações com os objetos e como eles são utilizados no interior das relações sociais”, afirma Oliver Lima.

“Nesta fase, as brincadeiras sociais capturam o interesse das crianças que, por meio delas, sofisticam sua conduta e a consciência sobre tudo que lhes cerca, aprimoram suas relações com o mundo, interagem de maneira efetiva com outras pessoas, compreendem a dinâmica e contingências da vida em sociedade”, conta.

De acordo com o especialista, este jogo de imitações que geram representações da vida social não se limita a refletir a realidade, mas possibilita a sua interpretação por meio do intercâmbio comunicativo social. “Entretanto, embora a criança se insira no cotidiano dos adultos, é importante sempre destacar que ela não deixa de ser criança”, finaliza.

A importância das três fases

Cada uma das três fases explicadas compreende mudanças significativas no comportamento e nas habilidades das crianças, sendo importante que pais e cuidadores estejam cientes destas mudanças para apoiarem a criança da melhor maneira possível.

Também é necessário entender que a compreensão das necessidades e características de cada fase pode ajudar a criar um ambiente seguro e estimulante para as crianças crescerem e se desenvolverem adequadamente.

Fonte: Fundação Abrinq
https://www.fadc.org.br/noticias/fases-da-infancia