Fundação Porta Aberta (FPA) resgata sonhos, dignidade e esperança


Fundação Porta Aberta (FPA) resgata sonhos, dignidade e esperança


A Fundação Porta Aberta (FPA) nasceu do sonho de algumas poucas pessoas que desejavam contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. O trabalho, projetado por um grupo pequeno de cidadãos paulistanos, contemplava a realização de um serviço social potente e que entregasse à sociedade alguma ação que fizesse a diferença.

No dia 30 de outubro de 2012, um pequeno grupo de amigos se reuniu na residência do casal Mauro Spinola e Jacira Silva, ocasião em que discutiram sobre a criação de uma organização para prestar algum serviço social relevante, sem vínculo político-partidário ou religioso. A base se constituía na convicção de que são os seres humanos que conduzem o mundo, seja como pessoas individuais, como integrantes do grupo familiar, representantes de empresas ou de instituições públicas e privadas. “Não há o que possa conduzir os destinos da sociedade se não as pessoas”, frisa Jacira Silva, diretora-presidente da Fundação Porta Aberta (FPA), ao contar sobre a história da fundação.

O objetivo claro era oferecer uma contribuição consistente à sociedade, sem qualquer interesse pessoal. Durante um ano, as reuniões periódicas dedicavam-se à discussão sobre o que seria feito, como, para quem se destinaria o trabalho, entre outras questões.

As reuniões foram enriquecidas por novos voluntários da cidade de São Paulo e arredores, alguns, inclusive, de outros municípios, dedicando-se à busca de mais informações, contatos e visitas. “Esse grupo conversou, ouviu, leu, visitou e pesquisou muito em busca de definições”, lembra Jacira. A escritura de instituição foi lavrada em 25 de setembro de 2013 e registrada no ORTD em 1º de novembro do mesmo ano. Desde então, a Fundação Porta Aberta promove a qualificação profissional para a re/inserção social e produtiva de pessoas em situação de vulnerabilidade e risco social, em especial, as que estão em tratamento do uso nocivo de álcool e outras drogas.

“Nessa década de existência, a FPA ampliou seu foco de atuação, fez crescer sobremaneira suas atividades e vem aprendendo e se aperfeiçoando permanentemente, ciente de que ainda falta muito para alcançar o patamar desejado”, fala Jacira.

Em 2014, a instituição estabeleceu parceria com a Fundação Carlos Alberto Vanzolini, iniciando um processo de conhecimento do terreno a trilhar e se embrenhando em produção de importantes discussões com a sociedade civil e o poder público a respeito do tratamento do uso nocivo de álcool e outras drogas.

Em 2015, outra importante parceria, com a instituição Missão Belém, permitiu a execução do primeiro projeto diretamente com os beneficiários. Em dezembro de 2016, a FPA recebeu do Ministério Público um prédio no bairro Campo Belo, na capital paulista, para atuar nos seus propósitos. O ano seguinte foi marcado pela inauguração da reforma
Predial, dando início aos processos formativos.


Ações e Programas

Inicialmente, a FPA atendia apenas as pessoas em tratamento do uso nocivo de álcool e outras drogas, mas a partir de 2018, passou a incluir entre os potenciais beneficiários todas as pessoas em situação de vulnerabilidade.

São três as principais ações voltadas para os beneficiários: oferecer qualificação profissional técnica, considerando os perfis e habilidades individuais, buscando associar o conhecimento teórico à prática, em atividades laborais; desenvolver as competências socioemocionais por meio da formação pessoal e cidadã; e promover a efetiva inserção no mundo do trabalho e a geração de renda.

Paralelamente, visando mais recursos humanos, econômicos e tecnológicos, a FPA trabalha para melhorar a gestão e a prestação do serviço; promove formação continuada de todo o corpo diretivo, de gestores e empregados, buscando apoio em consultorias especializadas; estuda e desenvolve pesquisa.

No intuito de envolver a comunidade, também trabalha com voluntários, sendo a direção, inclusive, nesse perfil, o que impõe a permanente ampliação do grupo de colaboradores em todas as frentes de atuação, conforme suas habilidades e preferências.

Também são três os programas básicos da Fundação, contemplando a formação profissional teórica e prática; o desenvolvimento das competências socioemocionais e a inserção efetiva no mundo do trabalho. “A geração de renda é fundamental para o exercício de cidadania, mas acessar a possibilidade de trabalho remunerado exige discernimento, formação e a compreensão de inúmeros fatores”, reforça a diretora da FPA.

Na FPA, são desenvolvidos projetos diversos, mas todos têm como base a qualificação pessoal e profissional para a inclusão no mundo de trabalho. Um exemplo é o projeto artístico que ensina música clássica, contemplando o lado humano, espiritual, artístico e emocional da pessoa, favorecendo a sua compreensão de pertencimento e apropriação da cidadania. “Todos os projetos complementares, como a formação para o empreendedorismo, aulas de música, visitação dos espaços culturais e a empresas patrocinadoras, contribuem decisivamente para formar esse conjunto de habilidades que a vida exige, mas não está disponível para a pessoa marginalizada”, pontua Jacira.


Fonte de recursos

Todas as atividades da FPA são patrocinadas por financiadores, parceiros ou voluntários. Atualmente, executa um grande projeto para a Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (SMDET), da Prefeitura Municipal de São Paulo, que patrocina a equipe, os insumos e outras despesas para a qualificação pessoal e profissional de pessoas indicadas pela RAPS (Rede de Atenção Psicossocial). Paralelamente, executa outras ações, como a parceria com a Fundação Beneficente Elijass Gliksmanis, que patrocina a inclusão digital dos beneficiários; o Instituto Cooperforte, que patrocina um projeto denominado “Talento na Cabeça”, de formação de cabeleireiros; e o Instituto PHI, que patrocina o empreendedorismo.

A FPA conta, ainda, com apoios importantes, como da Escolas do Sistema S, em especial SENAI, SEBRAE e SENAC, que contribuem decisivamente na produção do conhecimento. “A Fundação Salvador Arena, Rotary Club São Paulo Sul e diversas empresas são parceiras imprescindíveis. Outros projetos são desenvolvidos com o apoio da Vara Criminal do Ipiranga e de outros colaboradores”, conta Jacira.


Reconhecimentos

Na jornada de mais de uma década, a FPA conquistou diversos reconhecimentos, como a inscrição no COMAS (Conselho Municipal de Assistência Social); a declaração de utilidade pública Municipal; colocação entre as 100 Melhores ONGs do Brasil e a obtenção do CEBAS.

Em 2018, a presidente da FPA foi homenageada pela Fundação Aca Laurência/CIESP, recebendo o prêmio “Excelência Mulher”, ocasião em que destacou que o trabalho coletivo dos colaboradores da FPA levou à homenagem.


Desafios

A atuação da FPA acontece em meio a muitos desafios. “O preconceito social existente contra as pessoas em situação de vulnerabilidade muitas vezes é transferido para a instituição que trabalha justamente para superar essa situação”, relata Jacira, acrescentando: “A direção voluntária carece de mais gente com formação, apoio e estrutura para conduzir um trabalho gigantesco como o desenvolvido atualmente pela FPA, que atende a 1.000 beneficiários, em oito centros de atendimento espalhados pelos territórios da cidade de São Paulo e contrata 130 empregados”.

A líder da instituição ressalta que a FPA não visa lucro, não aufere renda e nem remunera seus diretores. “É uma instituição que não possui recursos próprios, mas necessita de uma sede à altura do trabalho que realiza, não havendo mais nenhum espaço disponível na sua sede atual, enquanto muitas outras atividades poderiam ser desenvolvidas”, diz. “A instituição trabalha com muitos móveis ganhos de segunda e terceira mão, merecendo uma sede com equipamentos e instalações novos e apropriados para o nível de responsabilidade dos serviços executados”, completa.

Ainda no que diz respeito aos desafios, Jacira afirma que desde a governança, passando pela gestão, até os voluntários, incluindo todos os empregados, a FPA considera que é preciso fazer ainda mais descobertas e aprender como desempenhar melhor o seu papel, “para fazer com que o beneficiário lá na ponta também receba o melhor que possamos proporcionar”, comenta.


Futuro

Para o futuro, a Fundação projeta expansão para a melhoria do trabalho. “A FPA considera imprescindível melhorar a gestão e governança para depois estruturar outras frentes de atuação. A Fundação considera essencial realizar o trabalho atual com jovens e adolescentes, pois, atualmente, trabalha apenas com adultos. Contudo, quanto antes a pessoa desassistida for acolhida, informada, profissionalizada e preparada para uma vida digna, melhor para todos, para ela, para sua família e para a sociedade”, fala.

Em um futuro mais remoto, a FPA pretende atuar com a infância como forma de prevenção. Já a médio prazo, o plano é melhorar todos os processos dentro do que já é feito e obter melhores indicadores e mais eficiência para, posteriormente, iniciar a atuação com adolescentes.

Além disso, está em curso um programa de compliance, com previsão de ser concluído até 2025.


Apoio da APF

Associada à APF, Jacira ressalta a importância que a Associação tem para a realização dos trabalhos desenvolvidos pela Fundação Porta Aberta. “A principal contribuição que a FPA tem obtido da APF consiste nas formações disponibilizadas por profissionais experts em áreas do conhecimento necessárias para o bom funcionamento de uma Fundação”, diz. Jacira salienta que a FPA vem, a cada dia, conhecendo os benefícios de estar associada a uma entidade representativa, o que lhe traz a chance de atuar com novos parceiros e conhecer outras Fundações. “A afiliação à APF também oportuniza conhecer melhor a importância de participar dos Conselhos de Políticas Públicas no Estado, pois além de noticiar os eventos, a APF é muito ativa nessa atuação política”, pontua.